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Justiça

Familiares de Marielle e Anderson falam sobre condenação de assassinos

Para as famílias, sentença foi sinônimo de emoção e alívio.
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Renato Ribeiro, repórter da Rádio Nacional
01/11/2024 - 09:31
Brasília
Rio de Janeiro (RJ), 31/10/2024 - Tribunal do Júri do Rio condena Ronnie e Élcio por assassinar Marielle e Anderson. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Após a condenação de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, nessa quinta-feira (31/10), pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, familiares das vítimas falaram, com emoção e alívio sobre a sentença. A mãe de Marielle, Marinete Silva, disse que a decisão foi justa e que a luta ainda não acabou. 

"É uma condenação justa, digna pela memória, pela história. Pelo Anderson, que saía naquele dia para trabalhar. Por Marielle e por todos que ainda não têm justiça nesse país. Por isso que nós estamos aqui. É uma vitória sim. Vamos continuar. Não acaba por aqui, a nossa luta vai continuar." 

Emocionada, Luyara Santos, filha de Marielle, comentou sobre o resultado do julgamento dos responsáveis pela morte da mãe. 

“Depois de quase sete anos, é muita dor ter que reviver tudo isso ao longo desses dois dias que foram extremamente exaustivos. Mas sabia que agora temos duas pessoas realmente responsabilizadas pelo caso. Hoje eu tenho certeza de que a minha família  e a família do Anderson vai dormir um pouco mais tranquila, só nesse primeiro passo, que a gente ainda tem muito pela frente.”

Já o pai de Marielle, Antônio Francisco da Silva afirmou que não vai perdoar os assassinos confessos da filha. 

"Eles merecem a pena dura que foi imposta a eles porque ninguém tem o aval para assassinar nenhuma pessoa, nenhum ser humano. A Marielle incomodava eles? Não! A Marielle estava fazendo o trabalho dela, trabalho correto, o trabalho de quem preza e quer uma sociedade mais justa, mais igualitária. Isso ela sempre defendeu. Esses foram os valores que nós passamos para ela, e ela seguia em frente. E eles covardemente assassinaram a nossa filha, juntamente com o Anderson." 

Para a irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a condenação dá força para a continuidade da luta pela condenação de todos os envolvidos.

"Quando eu chego naquele local, eu acho que eu nunca vou tirar essa imagem da minha cabeça. Via ali o sangue da Marielle derramado. Eu falei que a gente ia honrar aquele momento. Ainda sem entender muito o que estava acontecendo. Acho que hoje é a comprovação disso. Assim, não tem como normalizar. Eu falei um pouco disso ali, mas  a gente está num momento crucial no nosso país. Normalizar uma morte como a da Marille, um assassinato brutal. E as pessoas ainda acharem normal." 

A viúva do motorista Anderson Gomes, Ágatha Arnaus, disse que agora poderá abraçar o filho com orgulho.

"É muito emocionante. Eu acho que é, em muitos anos, a primeira vez que eu vou abraçar o Arthur mais orgulhosa, sabe? Poder contar para ele hoje isso vai ser muito bom. É um alívio, porque foi cansativo, fui muitas vezes com medo de não chegar nesse dia e o orgulho da gente, o orgulho no Anderson, da Marielle, da luta deles, do trabalho deles."

Já a condenação dos mandantes foi cobrada pela diretora da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck.

"A gente começou aqui, mas ainda falta. A gente perguntou quem matou, e aqui se respondeu quem matou? Ronnie e Élcio de Queiroz foram apenados. Mas ainda falta quem mandou matar. E agora o Supremo Tribunal Federal tem que dar o seu recado: quem mandou matar e por que e como serão responsabilizados."

O Ministério Público do Rio de Janeiro informou, nessa quinta-feira  (31/10), que pode recorrer e pedir aumento da pena para Élcio de Queiroz. O MP pediu penas de 84 anos para cada um dos acusados. Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos, 9 meses e 30 dias por ter sido o atirador. Já Élcio, a 59 anos, 8 meses e 10 dias por conduzir o carro usado no crime. O promotor Eduardo Martins disse que, quando tiver acesso à sentença, vai olhar com calma e ver se é ou não o caso de recorrer. Para o MP, a diferença de 20 anos nas condenações pareceu uma discrepância grande.
 

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