Ventos muito fortes são a principal causa de morte das árvores localizadas na borda sul da floresta amazônica, que compreende os estados de Mato Grosso e Pará.
A conclusão é de uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade do Estado de Mato Grosso em parceria com as universidades britânicas de Leeds e Oxford.
O projeto ecológico de longa duração, financiado pelo CNPQ, realiza o monitoramento em campo de quase de 15 mil árvores situadas em 50 parcelas de um hectare cada. O acompanhamento feito há quase 30 anos busca descobrir a causa de morte das árvores na região, como explica a coordenadora do estudo professora Beatriz Marimon.
Marimon ressalta que a morte da maioria das árvores observadas no estudo foi causada pela queda total ou parcial da copa, o que impede a fotossíntese, e do tronco. Nas duas situações, as ventanias atípicas são as responsáveis por esses danos.
Segundo a especialista, além dos eventos climáticos extremos, pastagens improdutivas, queimadas e desmatamento estão entre os fatores que afetam os dois maiores biomas brasileiros, a Amazônia e o Cerrado, presentes na borda sul da floresta. A engenheira ambiental defende a conversação da vegetação, inclusive para garantir atividades agropecuárias.
De acordo com o estudo, o que está sendo observando na borda sul da floresta pode acontecer em toda Amazônia, caso os cortes em emissões de gases de efeito estufa não sejam alcançados e a degradação ambiental provocada por ação humana continue. Beatriz Marimon aponta também os impactos das mudanças climáticas sobre a vegetação e as espécies.
A pesquisa conclui que a manutenção da vegetação nativa de forma íntegra e intacta é fundamental, já que as florestas têm o papel relevante na regulação e segurança climática do nosso país.