Em 20 anos, Brasil perdeu 6% do território em vegetação nativa
Em 20 anos, o Brasil perdeu mais de 513 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa, o que equivale a 6% do território nacional.
Entre 2000 e 2020, a vegetação campestre teve redução de 10,6%, ou 192,5 mil km², enquanto a vegetação florestal diminuiu 7,9%, ou 320,7 mil.
No mesmo período, a área da silvicultura cresceu 71,4%, passando a ocupar 36 mil quilômetros quadrados, e a área agrícola aumentou 50,1% chegando a 229,9 mil.
Apesar do crescimento menor, de 27,9%, as regiões dedicadas à pastagem com manejo se tornaram as maiores em números absolutos, totalizando 247 mil km².
A gerente de Contas e Estatísticas Ambientais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ivone Batista, explica que as mudanças mais intensas ocorreram na Amazônia e na região conhecida como Matopiba, no encontro dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
O IBGE também verificou que, em apenas dois anos, cerca de 0,8% do território brasileiro sofreu alguma mudança na cobertura e uso da terra. Isso corresponde a aproximadamente 70 mil km², áreas dos estados do Rio de Janeiro e de Alagoas somadas.
Enquanto as áreas florestais e campestres diminuíram em mais de 21 mil km², só a agricultura ganhou cerca de 24 mil quilômetros, e a pecuária outros 7 mil km².
Durante o período, as principais conversões ocorridas foram áreas de pastagem transformadas em agrícolas, mosaicos de ocupação que se tornaram pastagens, e vegetação florestal que passou a ser um mosaico, quando uma área nativa passa a ter outros usos de maneira mesclada. O pesquisador do IBGE, Fernando Dias, explica esses processos.
Nesse recorte mais recente, o maior crescimento de área de pastagem com manejo se deu no estado do Pará, com mais de 4,5 mil quilômetros quadrados, avançando principalmente sobre mosaicos de ocupações florestal.
Já a expansão agrícola teve mais destaque no Mato Grosso, com quase 6 mil quilômetros adicionados sobre o que antes eram pastagens.
O IBGE também verificou um crescimento efetivo de 0,8% nas áreas destinadas à silvicultura, principalmente no leste de Mato Grosso do Sul.