O aumento global da construção civil após o período crítico da pandemia levou a uma alta histórica na emissão de carbono pelo setor.
Com isso, a construção civil e as edificações não devem cumprir as promessas de descarbonização até 2050, segundo o relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Pnuma, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O setor, sozinho, foi responsável por 34% da demanda mundial de energia.
O documento foi apresentado durante as negociações climáticas da COP27, no Egito. O levantamento aponta que as emissões de carbono da construção civil cresceram 5% em 2021, sendo 2% maior que no pico pré-pandemia, em 2019.
Essa energia é consumida na produção de cimento, aço e outros materiais para construção. Além disso, o relatório calcula a emissão de carbono causada pela iluminação, refrigeração, aquecimento e equipamentos das edificações, sejam públicas ou residências privadas.
O aumento de 16% no investimento em eficiência energética, para reduzir a emissão de carbono, não foi suficiente para compensar o crescimento do setor. O pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente, Felipe Barcello e Silva, opina que é preciso unir eficiência energética com políticas públicas.
Muitos países, inclusive o Brasil, têm regulamentos de eficiência energética para aproveitar a iluminação natural e usar materiais menos poluentes. Porém, tais regulamentos não são obrigatórios, segundo a professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, Cláudia Amorim. Para a especialista, é preciso criar regras para reduzir o consumo de energia das edificações.
O Relatório da Agência das Nações Unidas para o Meio Ambiente ainda estima que o gasto com construção civil na África deve dobrar até 2060. Já na Europa, o setor representa 40% da demanda por energia, sendo 80% com origem na queima de combustíveis fósseis.