O crescimento das cidades brasileiras, nos últimos 30 anos, foi maior em áreas de risco. Com os impactos das mudanças climáticas, essas localidades podem estar mais suscetíveis a inundações, deslizamentos e secas.
Pesquisa da rede MapBiomas mostra que o crescimento das áreas urbanas do país triplicou entre 1985 e 2022. E 5% de toda essa expansão se dá em favelas e aglomerados (áreas residenciais irregulares próximas a centros urbanos), que a cada 20 anos dobram no país.
Pelos dados do estudo, 18% desses aglomerados e favelas estão nas áreas de risco, principalmente próximos a rios e áreas de declives, perto de morros, por exemplo.
Mayumi Hirye, da coordenação da equipe de áreas urbanas do MapBiomas, diz que os números alertam para a forma do crescimento das cidades.
A pesquisa mostra ainda que doze municípios apresentam áreas de aglomerados 50% maior do a área urbana de onde ficam próximos. Desses, dez municípios estão no norte do país. A cidade com maior porcentagem de aglomerados é Santo Antônio do Iça, no Amazonas, chegando a quase 70% de aglomerados.
Nessa situação se destacam, também, as capitais Manaus e Belém. Na região Sudeste, duas cidades aparecem com grande ocupação de favelas: Cariacica, no Espirito Santo, e São Vicente, em São Paulo.
Mayumi Hirye ressalta a necessidade de políticas públicas contínuas nessas áreas, envolvendo também as comunidades nesse planejamento de risco.
A pesquisa também destaca que oito das 20 cidades com maior crescimento urbano em áreas de risco estão no nordeste. Salvador é que pode sofrer mais com o crescimento nessas áreas. Seguido de duas cidades no sudeste: Ribeirão das Neves, em Minas Gerais, e a capital paulista.
O estudo mostra ainda que o crescimento da urbanização vem diminuindo, e que hoje ele é maior nas cidades médias do que nas cidades grandes.