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Meio Ambiente

Cientista Carlos Nobre comenta os efeitos do aquecimento global

O guardião planetário foi entrevistado no programa Natureza Viva
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Mara Régia - Rádio Nacional
02/06/2024 - 12:37
Brasília
Brasília (DF) 28/05/2024 - Vista da lagoa dos patos no estado Rio Grande do Sul.
Foto: Diuliana Leandro/UFPel/Adaptação Nasa Imagens
© Diuliana Leandro/UFPel/Adaptação Nasa Imagens

Em sua volta à programação da Rádio Nacional,  a apresentadora do programa Natureza Viva, Mara Régia entrevista o cientista Carlos Nobre, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,(Inpe)  sobre a  crise climática que se abate sobre  o Brasil e o mundo.

Carlos Nobre lamenta o negacionismo que ainda existe em vários setores da sociedade! À luz dos últimos acontecimentos no Sul, o cientista afirma que" ou nós vamos combater o risco das mudanças climáticas agora ou o planeta pode ficar inabitável até o final do século". 

Carlos Nobre é o primeiro cientista brasileiro que compõe o grupo de guardiões planetários. O cientista vem alertando sobre os eventos climáticos extremos que podem ocorrer devido ao aquecimento global. Acompanhe a entrevista 

Mara Régia: É com imenso prazer que nós recebemos o primeiro cientista brasileiro a entrar em um grupo dos guardiões planetários. Falo do doutor Carlos Nobre que há vinte anos nos deu uma entrevista premonitória, inclusive falando: porque que o Brasil se preocupar com as mudanças climáticas, quando aquela época nós tínhamos apenas um aumento de u1% da temperatura do planeta, e julgávamos que isso não era muito significativo. Então passado esse tempo seja mais do que bem-vindo a estreia do nosso Natureza Viva.

Carlos Nobre: Muitíssimo obrigado, eu me sinto muito honrado. E é muito bom você lembrar que há vinte anos atrás eu dei a  entrevista pra vocês. E realmente eu, como praticamente todos os cientistas climáticos daquela época, nós havíamos participado também de muitos relatórios do IPCC. Quando eu dei entrevista nós estávamos começando quarto relatório do PCC, aquele de 2007 que ganhou o Prêmio Nóbel da Paz, que já disse também do enorme risco que o planeta tinha, e infelizmente a ciência comunicava todos os riscos do aquecimento global, todos os riscos e não haviam muitas ações pra reduzir esses riscos. Agora vinte anos depois o o número de ocorrências extremas cresceu tanto no mundo inteiro que ou nós vamos combater o risco agora ou o planeta pode ficar inabitável até o final do século.

Mara Régia: Pois é, agora diante dessa crise climática ainda há lugar para o negacionismo, ainda se pode dizer que essa Temperatura no planeta não é significativa e que isso já aconteceu em Porto Alegre, por exemplo,  em 1941.

Carlos Nobre: Esse negacionismo completamente não tem base científica né? É muita ignorância científica dizer que um evento extremo como esse do Rio Grande do Sul que de fato bateu recordes. Nunca no registro histórico teve tanta chuva e que impactou 85% do estado. Você comparar com eventos extremos que sempre existiram no planeta, pelo menos por milhões de anos, e que agora a gente fala: não isso já aconteceu no passado. Olha de fato antes da época do aquecimento global nunca houve um fenômeno extremo como esse no Rio Grande do Sul, teve lá dentro da cidade lá de São Gabriel em 1857 um evento de chuva também intensa, teve em 1941 ali na região mais da grande Porto Alegre, atingindo menos de 20% do estado; agora foi um evento que atingiu 80% do estado, foi o maior evento de chuvas da história. Então é isso que o aquecimento global faz. O aquecimento global ele não está inventando novos eventos extremos. Às vezes um ou outro evento extremo sim!  Nunca ocorreu, e agora o planeta mais quente deu colo. Mas a grande maioria, mais de 90% dos eventos extremos, eles são eventos oceânicos, atmosféricos que existem a milhões e milhões de anos como esse que aconteceu no Rio Grande do Sul agora; como a grande seca na Amazônia de 2024, só que agora eles acontecem primeiro com uma frequência muito maior. O planeta está mais quente o que aumenta a frequência dos eventos e batendo recorde de novo, maior chuva da história desde 1850 a 1900 do Rio Grande do Sul e a temperatura bateu todos os séculos 1,5 graus,  em 2023 continuou 1,5 graus e até que nos últimos meses chegou a 1,6 graus da temperatura do planeta. A gente tem que ir 125 mil anos atrás tratamento da temperatura no último período interclacial, então é um pouco negacionista situação totalmente eficiência porque é o fato de que existia um fenomeno no extremo em cem anos, duzentos anos, mil anos não significa que esses eventos, que estão acontecendo com muito mais frequência e até batendo recordes, são naturais. Isso é planeta mais quente, aumenta muito a evaporação da todos batendo de novo recorde no último período e quando o oceano está mais quente ele evapora muito mais água o vapor da água na atmosfera é o combustível da chuva que ficam mais intensas e depois disso que também induz secas intensas e ondas de calor.

Clique no player e ouça a entrevista completa.

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