A atual estiagem severa e o superaquecimento das águas do Lago Tefé, no Médio Rio Solimões, no interior do Amazonas, estão mais graves do que o registrado no ano passado. Entre setembro e outubro de 2023, 209 botos-vermelhos e tucuxis morreram por causa da temperatura das águas, que alcançou mais de 40°C. Neste ano, a estiagem chegou com antecedência de pelo menos 20 dias.
Nesta segunda-feira, 9 de setembro, a temperatura alcançou 37°C. Se essa tendência de aumento continuar nos próximos dias, acende-se o alerta para os animais que vivem no lago, especialmente botos e peixes, conforme explicou Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá.
O nível do lago está a apenas 1 metro de atingir o mínimo do ano passado. A situação atual já está dificultando o monitoramento da saúde dos animais. Se a diminuição do nível continuar no ritmo atual, o ponto mais seco do ano passado será alcançado em menos de duas semanas.
Naquele período, 179 botos-vermelhos morreram no Lago Tefé. A população da espécie é estimada em apenas 900 animais. Próximo ao local, pesquisadores encontraram outras 122 carcaças de botos-vermelhos e tucuxis em lagos de Coari, município vizinho a Tefé. É um perigo que se repete este ano em várias outras regiões da floresta amazônica, alerta Miriam.
Para tentar evitar um cenário igual ou ainda pior, o Instituto Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, trabalha desde o início do ano. Cerca de 50 outros lagos, que poderiam sofrer os mesmos impactos nas próximas semanas, já foram identificados, e os pesquisadores discutem com a prefeitura de Tefé o isolamento antecipado de trechos críticos, onde os animais possam ficar presos.