Mosquito do bem reduz 75% dos casos de chikungunya em bairros de Niterói
Há três anos, um método inovador começou a ser aplicado em alguns bairros de Niterói, na região metropolitana do Rio, para controle do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Agora, a tecnologia, que consiste em soltar mosquitos contaminados com uma bactéria que impede o desenvolvimento das doenças, começa a mostrar resultados: as análises preliminares indicam redução de 75% dos casos de chikungunya.
Os dados do Projeto World Mosquito Program (WMP), coordenado no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz, se referem a 17 bairros de Niterói em comparação a outras localidades nas quais o método não foi aplicado.
A tecnologia funciona da seguinte forma: apelidado de mosquito do bem, o Aedes recebe uma bactéria chamada de Wolbachia, que impede o inseto de ser infectado pelas doenças.
Ao se reproduzir com outros mosquitos locais, o novo inseto também nasce com Wolbachia. Dessa forma, a população de mosquitos capaz de transmitir dengue, zika e chikungunya vai sendo substituída por vetores que não têm essa capacidade.
O gerente de projetos do WMP, Gabriel Sylvestre, destaca que embora os resultados sejam preliminares passados dois anos do início da experiência na cidade, já são muito animadores.
Ainda segundo o pesquisador, a chinkungunya foi a doença comparada, mas já há indicativos de que a redução também seja significativa para a dengue e a zika.
Para implantação do método Wolbachia são necessários cerca de quatro meses de preparação envolvendo ações coordenadas com o município. A população precisa ser informada sobre o método e aceitar que os mosquitos portadores da Wolbachia sejam liberados no seu bairro.
Após esse esforço conjunto, a tecnologia depende basicamente do “trabalho” do próprio mosquito. A população também participa com uma espécie de armadilha em suas casas para coleta semanal dos mosquitos em campo. Atualmente, mais de mil famílias estão engajadas nesta etapa.
O método Wolbachia é tido como uma solução complementar, que não exclui medidas de eliminação de focos dos mosquitos e controles clínicos como o fumacê.