O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná vai recorrer da decisão que absolveu a jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), em processo da Operação Lava Jato.
Ela foi inocentada da acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no processo que investiga o pagamento de propina, em contrato entre a Petrobras e uma empresa na África, para exploração de petróleo no Campo de Benin.
Em sua decisão, o juiz Sérgio Moro diz que apesar de Cláudia Cruz ter tido comportamento “altamente reprovável” e “negligente”, em relação às fontes de rendimento do marido e aos gastos pessoais dela e da família, não há provas de que ela tenha efetivamente praticado os crimes.
O procurador da República Carlos Antônio Lima discorda. “Nós vamos recorrer, nós discordamos. Entendemos que isso decorre muito mais do coração generoso do doutor Sérgio Moro, na interpretação de um fato envolvendo a esposa de uma pessoa que é, sabidamente, ligada a corrupção.”
Carlos Antônio Lima acrescentou que, para os procuradores, “é injustificável a absolvição”. “Ela deveria saber. Tinha conhecimento cultural suficiente para saber da origem desses recursos. Então, ao gastá-los, ela cometeu o crime de lavagem. Nós não estamos acusando Cláudia Cruz da corrupção, mas sim de lavagem de dinheiro.”
Os agentes envolvidos na compra e na operação do campo de petróleo na África foram alvo da 41ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (26), que resultou na prisão do ex-gerente de Operações Internacionais da Petrobras Pedro Augusto Xavier Bastos.