Em depoimento à Policia Federal em abril, o ex-ministro Antônio Palocci afirmou que as duas últimas eleições da ex-presidente Dilma Rousseff do PT foram financiadas por caixa 2.
Ele disse que os gastos com a campanha para o Partido dos Trabalhadores chegaram a 1 bilhão e 400 milhões de reais. Valores diferentes dos apresentados pelo PT ao TSE, pouco mais de meio bilhão de reais.
Palocci disse também que dentro da Petrobras funcionava o loteamento de cargos em troca de propina e apoio político para bancar essas campanhas e que houve negociações frequentes de emendas legislativas.
Ele sustenta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o mediador dessas negociações e que houve desonestidade em toda a estrutura do PT.
Ainda segundo Palocci, Lula tinha conhecimento das irregularidades envolvendo os diretores da Petrobras e chegou a questionar o ex-ministro, mas não tomou providências para demitir os suspeitos de corrupção.
O ex-ministro petista, disse também que das cerca de 1000 MPs editadas nos 4 governos do PT, 900 tiveram emendas com intuito de obter recursos por meio de corrupção.
Ele relata que partidos da base aliada, como o PP, participaram de um acordo nacional para se apoiarem mediante acordos políticos e financeiros.
Ele citou como exemplo o acerto entre PT e PTB, pelo qual o PT havia supostamente se comprometido a repassar 20 milhões de reais ao PTB; MAS que houve repasse de apenas 4 milhões de reais, e foi esse saldo devedor que, segundo Palocci, deu origem ao chamado Mensalão.
Outro tema mencionado por Palocci foi o Pré-Sal. Ele afirmou à Polícia Federal que havia um interesse social e um interesse corrupto com a nacionalização e o desenvolvimento do projeto do pré-sal por parte dos partidos, principalmente o PT.
Segundo ele, a ideia era impedir que empresas internacionais gerenciassem o pré sal porque seria mais difícil negociar propinas com elas.
Dessa forma, o ex-ministro relatou uma reunião que teria ocorrido no início de 2010, na biblioteca do Palácio do Alvorada, com Lula, na época presidente do país, Dilma Rousseff e José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras, para tratar de propina na contratação da construção das sondas do pré-sal.
Por fim, Palocci relatou um episódio envolvendo a nomeação de Jorge Zelada para a diretoria internacional da Petrobras e disse que esse foi um acordo com antigo PMDB, atual MDB.
Ele afirma que o deputado Fernando Diniz, então líder da bancada do PMDB mineiro, com apoio do ex-ministro Henrique Eduardo Alves, do ex-deputado Eduardo Cunha e do presidente Michel Temer, conseguiu convencer Lula a nomear Jorge Zelada para a diretoria da empresa.
E segundo Palocci teria sido o PMDB o responsável por um contrato da área internacional da Petrobras com a Odebrecht com propina de cerca de 5% do valor total que inicialmente era de 800 milhões de dólares e depois caiu para 300 milhões.
Jorge Luiz Zelada que é condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, está preso no Complexo Médico Penal, em Curitiba.
O juiz federal Sergio Moro retirou nessa segunda-feira o sigilo de parte da delação premiada do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci nas investigações da Operação Lava Jato. O depoimento do ex-ministro ocorreu em abril.
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