PF investiga suposto repasse de R$ 30 milhões para eleição da Mesa da Câmara em 2014
A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Receita Federal, realizou uma megaoperação nesta sexta-feira. Chamada de Capitu, a operação cumpriu 56 mandados de busca e apreensão e 15 pessoas foram presas.
Outros três mandados de prisão temporária não foram cumpridos, um dos alvos estava no exterior e outro já se encontrava preso, que é o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Entre os presos, está o atual vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade, do MDB, o empresário Joesley Batista, da JBS, e o executivo Ricardo Saud, da J&F, empresa que controla a JBS.
O deputado federal eleito em outubro Neri Geller, do PP do Mato Grasso, também foi preso.
A ação apura um suposto esquema ilegal de financiamento de campanhas e corrupção de agentes públicos, envolvendo desde deputados da Câmara Federal a dirigentes do Ministério da Agricultura.
As investigações partiram da delação do doleiro Lúcio Funaro.
Em entrevista, o delegado responsável pela operação, Mário Veloso, explicou que a empresa investigada pagava para o Ministério da Agricultura editar regulamentos que a beneficiava.
Diretores de duas grandes redes varejistas de Minas Gerais também teriam participado dos pagamentos, ocorridos entre 2014 e 2015, que somam R$ 22 milhões. Na época, o atual vice-governador de Minas, Antônio Andrade, era ministro da Agricultura.
Além do suposto esquema no ministério, a Polícia Federal investiga o financiamento ilegal, no final de 2014, de R$ 30 milhões para à eleição da Mesa Diretora da Câmara. Em 2015, o então deputado federal Eduardo Cunha foi eleito para presidir a Casa.
Segundo a delação de Funaro, o dinheiro foi pedido por Eduardo Cunha ao empresário Joesley Batista.
De acordo com Polícia Federal, os executivos da JBS e da J&F, que inicialmente colaboraram com as investigações, estariam obstruindo a Justiça.
Daí o nome de Operação Capitu, que faz alusão a uma suposta traição da personagem do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.
O delegado da Polícia Federal, Mário Veloso, diz que há indícios de destruição de provas e omissão de fatos nas delações.