O hacker Walter Delgatti, preso por atos golpistas desde agosto, prestou depoimento nesta quinta-feira (14), por videoconferência, à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O objetivo da reunião é saber quem foram os mandantes dos atos extremistas praticados em 12 de dezembro e 8 janeiro em Brasília.
Durante o encontro, o hacker afirmou que recebeu R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli ,a mando de Bolsonaro, para entrar no sistema do Conselho Nacional de Justiça e forjar um mandado de prisão para o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes em janeiro. Além disso, completou que lhe foi prometido um emprego.
Perguntado pelo relator da CPI, o deputado João Hermeto, sobre como foi o hackeamento no site do CNJ, Delgatti afirma que invadiu o sistema usando uma plataforma onde pegou chaves de acesso eletrônicas. Disse que a ideia de emitir um mandado de prisão, no qual Alexandre de Moraes ordenaria a prisão de si mesmo, foi do próprio hacker, para provar uma suposta fragilidade do sistema.
Walter Delgatti também confirmou a informação de que o ex-presidente Bolsonaro deu carta branca para que provasse uma suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas. E que dias antes da eleição, a deputada Carla Zambelli o havia acionado para derrubar o sistema eletrônico de envio de votos do TSE.
O hacker também afirmou que teve contato com lideranças do Exército e afirmou que só não houve intervenção militar porque a maioria dos outros generais estava dividida sobre a instauração de um golpe, que não foi levado à frente pelos militares.
Walter Delgatti está preso desde agosto por invadir as contas do aplicativo de mensagens Telegram em celulares do senador Sergio Moro e de ex-procuradores da república que atuaram na Operação Lava Jato, entre eles, Deltan Dalagnol. A ação ficou conhecida como “Vaza Jato”.