Advogada de médicos diz que Prevent Senior obrigava o uso do kit covid
A advogada Bruna Morato, que depôs nesta terça-feira na CPI da Pandemia no Senado, disse que os médicos da operadora de saúde Prevent Senior eram obrigados a prescrever remédios sem comprovação científica para o tratamento de covid-19. Ela representa doze médicos que trabalharam na empresa e elaboraram um dossiê com denúncias que foi entregue à comissão parlamentar de inquérito.
Segundo Bruna Morato, durante a pandemia, a procura de pacientes aumentou muito e a Prevent Senior passou a não fazer pedidos de alguns exames, como eletrocardiograma. E que, como a rede não tinha leitos suficientes, usou a prescrição do chamado "kit covid" na tentativa de evitar a internação de pacientes nos hospitais da rede e reduzir custos.
O diretor-executivo da operadora, Pedro Benedito Batista Jr, esteve na CPI na semana passada e contestou as acusações contidas no dossiê. Em seu depoimento, Batista Junior negou que os clientes da operadora diagnosticados com coronavírus recebiam um kit de remédios. Ele afirmou que eram enviadas as medicações prescritas pelos médicos aos pacientes.
Respondendo ao presidente da CPI, senador Omar Aziz, que questionou o porquê dos médicos não terem denunciado a situação aos Conselhos de Medicina, a advogada Bruna Morato afirmou que esses órgãos não aceitam denúncias anônimas e os profissionais de saúde temiam ser demitidos.
Na reunião desta terça também foram aprovados requerimentos. Um deles pede que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investiguem a atuação do Conselho Federal de Medicina e dos Conselhos Regionais de Medicina de São Paulo e do Distrito Federal nas denúncias de irregularidades envolvendo a Prevent Senior. Também foi aprovado que a empresa apresente os termos de livre consentimento do kit à CPI no prazo de 24 horas.
Sobre o encerramento da CPI, o relator da Comissão, senador Renan Calheiros, disse que os trabalhos estão na reta final e o relatório está a caminho da conclusão.