Há mais de um ano atuando na linha de frente contra a covid-19, os profissionais da área da Saúde estão esgotados. É o que mostra uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
De acordo com o estudo, publicado na revista Frontiers, 36% dos profissionais de saúde estão com algum problema relacionado à saúde mental.
Os dados mostram ainda que 61% desses profissionais estão com insônia, 43% com problemas de ansiedade, 40% com depressão e 36% com estresse pós-traumático.
A professora Flávia de Lima Osório, líder da pesquisa, explica que os profissionais da enfermagem formam o grupo mais frágil entre as pessoas que trabalham diretamente com os pacientes contaminados pela covid.
O estudo foi realizado com 916 profissionais da saúde de todo país, 79% dos participantes eram mulheres com idade média de 35 anos. Quase metade eram casados e tinham cerca de 10 anos de exercício da profissão. Além disso, 60% trabalham em instituições públicas.
A pesquisadora explica ainda que a pandemia trouxe uma carga maior de trabalho aos profissionais da saúde. Mais horas extras, mais demandas e consequentemente a privação do sono.
Além disso, boa parte dos profissionais tiveram que se afastar de familiares, com o temor de contaminar seus entes queridos. De acordo com a pesquisa, esse isolamento, a perda de convívio diário e o apoio familiar e social podem ter contribuído com a depressão.
A pesquisadora Flávia de Lima comenta sobre a falta de percepção do estado de saúde dos próprios profissionais.
O estudo foi realizado virtualmente entre os dias 19 de maio e 23 de agosto do ano passado. Considerado pelos pesquisadores um período de grande evolução da pandemia. Em maio, o número de casos confirmados de covid era cerca de 270 mil, e em agosto mais 3,5 milhões de casos.
Em relação às mortes em maio, cerca 19 mil mortes foram registradas já em agosto o número de óbitos chegou a 115 mil.