Uma em cada dez crianças brasileiras de até cinco anos tem excesso de peso. Essa condição também foi encontrada em quase 60% das mães com filhos nessa faixa etária. Os dados inéditos são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, o Enani 2019, divulgado nesta terça-feira (8). 
A pesquisa foi encomendada pelo Ministério da Saúde e coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Entre as crianças brasileiras menores de cinco anos, 7% apresentam sobrepeso e 3%, obesidade. Entre as mães de filhos nessa faixa etária, o sobrepeso aparece em 32% dos casos e a obesidade em 26%.
O Enani-2019 mostra, ainda, que quase um quinto das crianças brasileiras de até cinco anos estão em uma faixa de risco de sobrepeso.
A obesidade prejudica o crescimento, o desenvolvimento infantil e pode gerar doenças crônicas graves ao longo da vida.
Uma das coordenadoras do estudo, a nutricionista Ines Rugani, afirmou que o problema é complexo, por ir além da alimentação. Segundo ela, a ausência de creches públicas dificulta às mães uma proteção maior às crianças.
A coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Gisele Bortollini, ressaltou que há uma preocupação com relação ao impacto da pandemia nesses indicadores, nos dois últimos anos.
Fabio Gomes, assessor regional de Nutrição e Atividade Física da OPAS, Organização Panamericana da Saúde, afirma que os dados sobre a obesidade infantil no país são preocupantes e que para reverter esse cenário, o país deve adotar intervenções efetivas, como o incentivo à amamentação e à regulação de alimentos ultraprocessados.
Um outro dado surpreendeu os pesquisadores: 7% das crianças brasileiras de até cinco anos apresentam baixa estatura para a idade, com prevalência maior entre bebês de até 24 meses.
E que o quadro pode ter sido provocado por infecções recorrentes e pelo baixo consumo de nutrientes, possivelmente associado à insegurança alimentar.
