Racismo estrutural impacta mortes neonatais no Brasil
O fim da desigualdade racial poderia evitar parte das mortes neonatais e dos desfechos negativos entre recém-nascidos brasileiros.
A conclusão é de um estudo conduzido por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia, recém publicado na revista The Lancet Regional Health - Americas.
Se não houvesse desigualdade racial no acesso à saúde por parte de gestantes pretas, pardas e indígenas, cerca de 12% das mortes neonatais, pouco mais de 12 mil óbitos de crianças com até 7 dias de vida, poderiam ser evitadas.
Uma das responsáveis pelo estudo, a pesquisadora Poliana Rebouças, destaca que milhares de partos prematuros, de bebês nascidos com baixo peso e de bebês pequenos para idade gestacional também poderiam ser impedidos.
A análise considerou ainda a escolaridade materna e o desfecho negativo para os recém-nascidos a partir desse critério socioeconômico. Foram comparados os resultados obtidos entre mulheres indígenas e negras com pouco estudo com os de mulheres brancas de maior escolaridade.
A especialista em saúde pública da Fiocruz fez uma avaliação de como a discriminação atrapalha as gestantes no acesso aos serviços de saúde.
O estudo analisou dados de mais de 23 milhões de nascidos entre 2012 e 2019. Essa é a mais recente e abrangente pesquisa sobre resultados adversos de partos com viés nas desigualdades raciais.
Nós procuramos o Ministério da Saúde para um posicionamento sobre a falta de uma política pública específica de combate à desigualdade materno-infantil no país, mas não obtivemos retorno até o fechamento dessa reportagem.
*Com produção de Marcella Nogueira