Estudo indica que Rio tem mais operações policiais em áreas do tráfico
As operações policiais realizadas na cidade do Rio de Janeiro ao longo das últimas décadas foram mais frequentes nas áreas dominadas por traficantes de drogas do que nos territórios onde prevalecem grupos de milícia. A conclusão é de um relatório preliminar lançado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense e do Observatório das Metrópoles da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Com o título 'A expansão das Milícias no Rio de Janeiro', o levantamento detalha que das 569 operações realizadas no ano passado, 45,5% se concentraram nas regiões onde há disputa por território, seja por traficantes ou milicianos. Na sequência do ranking, aparecem as áreas dominadas pelo Comando Vermelho, maior facção criminosa do estado, com quase 41% das ações. Os bairros dominados pela facção Terceiro Comando Puro registraram 6,9% das atividades policiais de 2019.
Ao confrontar os números, o estudo mostra que acontece o inverso com as milícias: mesmo estando presentes em mais 1/5 dos bairros da Região Metropolitana, as incursões policiais nesses territórios representaram apenas 6,5% do total das ações do período.
Em todo o estado do Rio de Janeiro, as milícias, grupos armados ilegais, vêm expandindo atuação criminosa, por meio da extorsão a moradores e comerciantes e do controle de serviços clandestinos, como transporte alternativo, TV a cabo e segurança, por exemplo.
A coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, Carol Grillo, explica que por serem menos fiscalizadas, as milícias se favorecem com o que ela chamou de "dupla vantagem" em relação às facções do tráfico.
Procurada, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo, disse que atua com rigor para coibir irregularidades. E ressaltou que nas regiões conflagradas é necessário o apoio da Polícia Militar, citando, ainda, a decisão do Supremo Tribunal Federal que suspendeu operações policiais nas comunidades durante a pandemia.
Já a PM disse que não comenta pesquisas elaboradas com base em dados não oficiais. A nota afirma, no entanto, que a corporação continua no combate ao crime organizado, realizando operações com base na inteligência ou participando de ações em apoio às forças de segurança.