PF cumpre mandados contra suspeitos de crimes eleitorais no Rio
Uma operação da Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira, 12 mandados de busca e apreensão em endereços de acusados de organização criminosa e lavagem de dinheiro relacionadas a crimes eleitorais na zona oeste carioca.
Entre os alvos estão os irmãos e ex-policiais militares Natalino e Jerominho Guimarães, ambos condenados por chefiar grupos milicianos e que já ocuparam cargos eletivos no Rio de Janeiro. Natalino cumpriu mandato de deputado estadual, e Jerominho foi vereador na capital.
Eles foram apontados pela CPI das milícias, na Assembleia Legislativa, como chefes do grupo conhecido como Liga da Justiça. Natalino e Jerominho passaram quase 11 anos presos, até 2018.
De acordo com as investigações, os alvos dos mandados estariam financiando campanhas eleitorais para cargos no Legislativo e no Executivo nas eleições municipais, mesmo não participando diretamente da disputa, com o objetivo de retomar o controle da zona oeste.
A filha de Jerominho, Carminha Gerominho, disputa uma vaga na Câmara de Vereadores para seu segundo mandato. Outras candidaturas também seriam apoiadas com o mesmo objetivo.
A Polícia afirma que, através da análise dos Relatórios de Inteligência Financeira, verificaram-se movimentos financeiros atípicos nas empresas ligadas aos investigados, e esses valores se destinariam as campanhas eleitorais. Os agentes apreenderam cerca de R$ 320 mil reais e US$ 2,5 mil, e brindes de campanha, como máscaras de proteção, o que é proibido pela legislação.
Não houve detenções, já que o Código eleitoral proíbe o cumprimento de mandados de prisão de candidatos a menos de 15 dias do pleito. No caso de eleitores o prazo de impedimento é de cinco dias.
O Superintendente da Polícia Federal no Rio, Tacio Muzzi, explicou, em coletiva de imprensa, porque a operação foi deflagrada poucos dias antes do primeiro turno.
A operação foi chamada de Sólon, em referência ao filósofo criador da Eclésia, assembleia popular de Atenas, considerada o berço da democracia.
Os mandados foram expedidos pela 16ª Zona Eleitoral, especializada na prática de crimes por organização criminosa, de lavagem de dinheiro e outros ilícitos conexos a crimes eleitorais.
Carminha Jerominho foi contactada por meio do telefone divulgado em sua campanha, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta. Ela chegou a ser presa em 2008, e mesmo eleita vereadora na época pelo PTdoB, teve o diploma cassado pelo TRE por arrecadação e gastos ilícitos de recursos. No entanto, em 2012, a própria Justiça Eleitoral reformulou a sentença e ela acabou sendo reconduzida ao cargo.
O Partido da Mulher Brasileira (PMB), legenda atual de Carminha Jerominho, informou, por meio de nota, que é um partido ficha limpa e democrático nas suas filiações, nominatas e candidaturas, desde que sejam validadas e aprovadas pelo TRE e que está à disposição da Justiça para apuração de fatos que envolvam candidatos da legenda.