A sensação de insegurança nas ruas é constante, mas com o passar do tempo parece que só aumenta. Esse é um dos muitos desabafos feitos pelas redes sociais por moradores da Zona Oeste carioca, após o caos vivido na noite de segunda-feira.
35 ônibus e uma cabine de trem foram queimados por milicianos em retaliação à morte de integrante de um grupo criminoso.
Para o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o sociólogo José Claudio Sousa, a resposta da milícia é uma só: demonstração de poder.
Ao longo dos anos, a criminalidade do Rio passou por uma série de transformações. Ainda segundo o sociólogo, as milícias são resultado da evolução dos grupos de extermínio, que se consolidaram na década de 90, principalmente na Baixada Fluminense. uma diferença desses grupos para outras organizações criminosas é que elas tem estrutura militar, já que a maioria foi fundada por policiais ou ex-policiais e objetivos políticos de longo prazo.
Nos anos 2000, as milícias se tornaram a principal ameaça à segurança pública no Grande Rio. A sua expansão ocorreu por incorporação de áreas onde antes não havia controle territorial algum – e não por meio da conquista de espaços controlados por outros grupos, como atesta o coordenador do Instituto Fogo Cruzado, Carlos Nhanga.
A escalada do crescimento das milícias foi verificada por um estudo do Instituto Fogo Cruzado feito no ano passado em parceria com a Universidade Federal Fluminense. As milícias na Região Metropolitana do Rio de Janeiro já ocupam 50% das áreas dominadas por algum grupo armado no Grande Rio.
Até 2008, milicianos controlavam 23,7% dessas áreas. Até o ano passado, 10% de toda a área territorial do Grande Rio estava sob domínio das milícias que, não somente impõe controle de maneira de violenta, como também exploram ilegalmente serviços de tv a cabo e transporte, por exemplo. Além de extorquir comerciantes e moradores e atuarem com tráfico de drogas e jogos ilegais.
Nos anos mais recentes, a milícia também começou a construir imóveis em áreas invadidas para revendê-los. O crescimento das áreas em poder desses grupos foi de quase 400% em 16 anos.