ONU denuncia execuções extrajudiciais de Israel em hospital de Jenin
As Nações Unidas denunciaram nesta quarta-feira (31) que a operação israelense, realizada ontem no Hospital Ibn Sina, em Jenin, que deixou três mortos, "indica execução extrajudicial planejada".
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUD) afirmou que entre os três palestinos mortos na operação está um jovem de 18 anos com paralisia parcial devido a ferimentos sofridos num ataque aéreo em Jenin, no norte da Cisjordânia. Ele estava deitado numa das camas do hospital quando foi baleado na cabeça.
O Exército israelense alegou que os palestinos mortos estavam planejando ataques terroristas em Israel para breve.
Em relatório diário sobre o conflito, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (Ocha) reiterou as dificuldades de envio de ajuda para a Faixa de Gaza, especialmente para a metade norte do enclave, onde as autoridades israelenses negaram o acesso a 29 das 51 missões planejadas para janeiro.
"A maioria das missões permitidas estava relacionada com a distribuição de alimentos, mas as que visavam a apoiar hospitais ou unidades de saúde foram, em sua maioria, negadas", lamentou o Ocha.
A organização lembrou que desde 1º de dezembro, após o final de uma semana de cessar-fogo, as autoridades israelenses divulgaram ordens de retirada da população que afetaram 158 quilômetros quadrados (km²) de Gaza, 41% da área do enclave.
Antes do início das hostilidades, 1,38 milhão de palestinos viviam naquela área e, como resultado do conflito, existiam 161 abrigos com mais de 700 mil pessoas deslocadas internamente.
O relatório destacou que as hostilidades nas últimas 24 horas concentraram-se especialmente na cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza, onde ocorrem combates nas proximidades dos hospitais Al-Nasser e Al-Amal.
Nesse último, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino, um deslocado interno que se refugiava no Al-Amal morreu e nove ficaram feridos por estilhaços durante os combates. Tanto o hospital quanto os escritórios próximos da organização humanitária foram invadidos pelos militares israelenses que forçaram a evacuação dos edifícios.
Outro fato a que o relatório se referiu foi a detenção de grande número de homens palestinos num dos postos de controle de segurança em Khan Yunis,. Alguns foram posteriormente despidos, vendados e levados para locais não divulgados.
O relatório lembrou ainda que há poucas horas as diferentes agências das Nações Unidas assinaram declaração conjunta na qual pediam aos Estados da ONU que não interrompessem o financiamento da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA).
Com as suspensões da ajuda recentemente decididas por alguns dos principais doadores, na sequência da denúncia da possível colaboração de uma dezena de funcionários da UNRWA ao Hamas, "pode haver consequências catastróficas para a população de Gaza", alertou o comunicado conjunto das agências da ONU.
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