Acnur denuncia ataques na fronteira Líbano-Síria, rota de refugiados
A Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) denunciou nesta sexta-feira (25) repetidos ataques de Israel a instalações na fronteira entre Líbano e Síria, onde milhares de pessoas tentam fugir do conflito e procurar segurança.
“É uma grande preocupação para o Acnur, porque reduz a capacidade da população de fugir da violência e procurar segurança”, disse a porta-voz da agência, Rula Amin, em entrevista concedida em Amã para jornalistas em Genebra.
Ela lembrou que um quinto da população libanesa (aproximadamente 1 milhão de pessoas) abandonou suas casas devido ao conflito. Cerca de 430 mil pessoas atravessaram a fronteira do Líbano para a Síria, 70% das quais são refugiadas sírias e o resto libanesas.
Foram ainda detectados até 19 mil refugiados libaneses que atravessaram o sul da Síria e chegaram ao Iraque, disse Rula.
A porta-voz adiantou que um desses ataques de Israel ocorreu hoje de manhã, obrigando o fechamento da passagem de Jusiyah, no norte, e outro nas últimas horas na rota de Masna, a principal passagem fronteiriça entre o Líbano e a Síria, por ligar por estrada as capitais dos dois países, Beirute e Damasco.
“Aconteceu a 500 metros do escritório de imigração, e a cratera podia ser vista das instalações construídas pelo Acnur para que as pessoas pudessem descansar enquanto a papelada era tratada”, explicou.
Esses ataques, observou Rula, pioram a crise de refugiados e deslocados que começou há um ano, mas que se agravou em setembro com a intensificação das hostilidades entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah.
“A maioria dos deslocados está dentro do Líbano, para onde as pessoas fogem até de cidades que antes eram consideradas seguras como Tiroh, mas que agora sofrem ataques intensos”, afirmou.
“Testemunhamos enorme devastação nas cidades fronteiriças, mas também em cidades como Tiroh ou Nabatieh, onde a possibilidade de pessoas deslocadas e refugiados poderem regressar às suas casas após o conflito está fortemente ameaçada”, adiantou.
Rula Amin salientou que os abrigos para deslocados, que as autoridades libanesas criaram nas escolas e em outras instalações, já estão lotados, e por isso muitas pessoas têm grande dificuldade de encontrar locais seguros diante das dificuldades econômicas.
“Os refugiados sírios e outras famílias vulneráveis não têm outra escolha senão dormir ao ar livre”, concluiu.
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