Uma situação que já dura anos pode estar próxima de ser resolvida. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, anunciou que pretende retomar a recuperação do Cais do Valongo, situado no Rio de Janeiro.
Cais do Valongo foi o principal ponto de desembarque e comércio de pessoas negras escravizadas nas Américas e desde 2017 é patrimônio da humanidade pela Unesco. Mas está em situação de abandono e vem sendo constantemente ameaçado por enchentes, como a que atingiu a cidade do Rio na última semana. Outros problemas são a iluminação e a disponibilidade de informações para os turistas.
O Iphan apresentou um conjunto de propostas para a preservação e valorização do Sítio Arqueológico, entre elas a retomada do Comitê Gestor Participativo do Sítio, extinto em 2019. O grupo era composto por representantes de organizações afro-brasileiras e órgãos e instituições envolvidos na conservação do sítio e tinha a responsabilidade de dirigir e planejar a gestão e valorização do Cais do Valongo.
Outra medida proposta pelo Iphan é a implantação do Centro de Referência da Celebração da Herança Africana, um centro de acolhimento turístico e espaço de reflexão sobre a importância do legado do povo afrodescendente na cultura das Américas.
O Iphan planeja, ainda, desenvolver o Projeto Educativo Sítio Arqueológico Cais do Valongo, dirigido a crianças e adolescentes de escolas públicas e privadas, com o objetivo de difundir o valor do local.
O antropólogo Milton Guran, um dos responsáveis pelo dossiê entregue à Unesco na época da candidatura a patrimônio, destaca a importância desta medida.
Ele também reforça a importância que o local tem para o turismo brasileiro.
O Cais do Valongo funcionou até 1831, ano em que foi proibido o tráfico de africanos escravizados. Calcula-se que entre 500 mil e 1 milhão de negros desembarcaram no local. Os vestígios do antigo Cais foram revelados em 2011, durante as escavações arqueológicas para a implementação do projeto Porto Maravilha.