78% das famílias brasileiras fecharam o ano de 2022 endividadas. Um recorde desde que a CNC Confederação Nacional do Comércio começou a pesquisar o assunto em 2011. Mais de 17% das pessoas estavam muito endividadas
Segundo a CNC o brasileiro compromete cerca de 30% da renda com dívidas e as contas do cartão de crédito foram as que mais aumentaram depois da pandemia. Em 2019, 78% dos entrevistados declararam ter dívidas em atraso nessa modalidade contra 86% no ano passado. O diretor de economia e inovação da CNC Guilherme Mercês avalia que a educação financeira é uma demanda urgente para o brasileiro.
Nas famílias com renda mais baixa de até dez salários mínimos, 32% estão com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. Já entre quem tem renda mais alta, superior a dez salários atraso gira em torno de 13%. As mulheres são a maioria entre as pessoas inadimplentes com débitos superiores a 90 dias. A idade média das devedoras é superior a 35 anos, com ensino médio incompleto, ganhando até dez mínimos e morando no sudeste e nordeste do país.
A economista da CNC, Isis Ferreira, analisa que a situação social da mulher exerce uma grande influência na questão do endividamento: "Nós somos mais numerosos, a gente representa 52% da população brasileira segundo os últimos dados do IBGE. Existe sim mais mulheres chefiando famílias, mais mulheres que estão estão na informalidade e isso é um grande dificultador para a estabilidade de renda".
Esse cenário do endividamento mudou a partir de 2019 quando a tendência era de queda e se intensificou especialmente na população mais pobre. Entre os motivos para essa mudança estão o desemprego gerado pela e a retomada do consumo reprimido nos tempos de lockdown quando houve aumento das compras pela internet.