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Cultura

Exposição Conto dos Orixás em quadrinhos chega a Salvador

A obra do baiano Hugo Canuto é um tributo à ancestralidade
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Lise Lobo - Rádio Educadora de Salvador
01/02/2025 - 08:00
Salvador
Brasília (DF), 31/01/2025 - Contos de Orixás. Arte/Hugo Canuto
© Arte/Hugo Canuto

A magia e o simbolismo das narrativas ancestrais desembarcam na Aliança Francesa, em Salvador, no mês de fevereiro com o lançamento da exposição "Contos dos Orixás – narrativas ancestrais nas histórias em quadrinhos", assinada pelo quadrinista baiano Hugo Canuto. A mostra marca o retorno das obras que já viajaram de Washington, nos Estados Unidos, a Luanda, em Angola, celebrando a herança afro-brasileira através da arte dos quadrinhos. Para o artista "Contos dos Orixás" representa um tributo à ancestralidade, conectando o público às histórias de divindades e heróis do candomblé.

“Essa exposição traz pela primeira vez a Salvador, depois de sete anos, os textos, as artes, os esboços que construíram as duas obras do Universo Contra os Orixás. Contra os Orixás é um projeto que eu tenho desde 2016, 2017 mais ou menos, em que a gente adapta as narrativas míticas de tradição oral das tradições do Candomblé, do Ifá, para a linguagem das histórias em quadrinhos. E fazendo isso, a gente insere na dinâmica, na estética das histórias em quadrinhos, de maneira a construir um elemento que promova, que divulgue o universo afro-brasileiro, suas tradições, as histórias dos Orixás, as histórias dos deuses, das rainhas, dos reis, dos guerreiros, dos sábios.”

Entre os destaques da mostra estão páginas originais, esboços inéditos e reproduções em grande escala que revelam o processo criativo do autor e destacam a riqueza visual das obras.

“As pessoas perguntam muito para mim como é fazer uma história em quadrinho, ficam curiosas com o processo. As pessoas vão entender o processo de criação de uma página, da ideia, do roteiro, até a elaboração. Vão observar a narrativa com a qual a gente trabalha e os elementos que compreendem essa narrativa. Representar uma divindade como Xangô, como Oxon, como Oxossi. Tem toda a delicadeza, um trabalho, e um cuidado. Um cuidado que fez o nosso trabalho ter o reconhecimento que hoje ele tem.”

Além do reconhecimento nacional, Hugo Canuto conquistou projeção internacional com a versão em inglês da obra que agora foi indicada ao renomado prêmio Dwayne Mcduffie de diversidade em quadrinhos de 2024, ao lado de artistas de renome global. O artista destaca que essa indicação reforça o impacto cultural das histórias e o compromisso com a representatividade na indústria criativa.

“O Dwayne Glenn McDuffie foi um autor e um produtor de séries famosas do universo negro norte-americano como Superchoque. Essa premiação é que existe há alguns anos e que reúne nomes do mercado norte-americano. Esse ano a gente quebrou um pouco essa hegemonia. Eu como latino, como brasileiro estou participando ao lado também de outras autoras não estadunidenses como Margarita Boer. Então é um momento muito especial. Já é a terceira premiação que a gente concorre nos Estados Unidos. Ganhamos uma chamada Glyph Awards no ano passado e o Ignatz Awards também ficamos entre os finalistas que é um prêmio bem tradicional. Mas só de estar entre os finalistas com nomes muito notáveis com um júri sério como o do Marv Wolfman, que trabalhou na DC Comics por anos, escreveu Novos Titãs. Outras que trabalharam na Mulher Maravilha Ilustradoras. Então, é um prêmio muito interessante porque demonstra uma satisfação da minha parte de ver um trabalho feito aqui, na nossa terra, na nossa cultura, que fala da nossa cultura. É um quadrinho que tem passagem no idioma yorubá. Então, assim, eu ficava receoso como os americanos receberiam. E a gente conseguiu quebrar isso com o nosso trabalho de Os Orixás, falando a partir daqui”.

A exposição "Contos dos Orixás – narrativas ancestrais nas histórias em quadrinhos", de Hugo Canuto vai estar durante todo o mês de fevereiro na sede da Aliança Francesa, localizada na avenida Sete de Setembro, em Salvador. A visitação é gratuita.

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